A tuberculose é uma doença curável, porém mata 14 pessoas por dia no país. O Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT) e o Centro Estadual de Atenção Prolongada e Casa de Apoio Condomínio Solidariedade (Ceap-Sol), unidades do Governo de Goiás geridas pelo Instituto Sócrates Guanaes (ISG), oferecem suporte para o tratamento de pacientes com essa enfermidade.
Em 2022, o Brasil registrou 78 mil novos casos, e em 2021, mais de cinco mil mortes foram atribuídas à tuberculose. Esse número representa um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior, segundo informações da edição especial do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.
Em 24 de março, comemora-se o Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a população, profissionais de saúde e gestores sobre a importância de desenvolver políticas públicas e implementar medidas preventivas contra essa doença.
A tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, bactéria que geralmente afeta os pulmões e é transmitida de pessoa para pessoa pelo ar. O médico infectologista responsável pelo ambulatório de novos casos de tuberculose do HDT, João Victor Coriolano, enfatiza a importância de buscar atendimento se a tosse persistir por mais de três semanas ou em caso de contato com alguém que possui a doença, para iniciar o tratamento adequado.
Além da tosse persistente, outros sintomas característicos da tuberculose incluem febre vespertina, sudorese intensa que molha as roupas de cama, perda de peso não relacionada à dieta e presença de ínguas pelo corpo. Os sintomas podem aparecer 30 dias após o contato, mas também podem demorar anos. "Os primeiros dois anos são quando existe maior possibilidade de a doença se manifestar", explica o infectologista.
A tuberculose latente é identificada por meio de exames como PPD e IGRA, que indicam se a pessoa teve contato com a bactéria. Com base nesses resultados e outros fatores, como a presença de diabetes, HIV ou doença renal crônica, a equipe médica decide iniciar um tratamento preventivo para evitar o desenvolvimento da tuberculose ativa. Essa abordagem é crucial para prever e prevenir a tuberculose. "É uma das estratégias fundamentais para eliminar a tuberculose como um problema de saúde pública até 2030, conforme a meta estabelecida pelo nosso país em conjunto com outros países perante a Organização Mundial da Saúde", destaca João Victor.
O alto índice de mortalidade da doença muitas vezes é devido à demora no diagnóstico. "Vejo muitos pacientes com diagnóstico inicial de pneumonia, que posteriormente se revela como tuberculose. Isso às vezes causa atrasos no diagnóstico. Além disso, a gravidade da tuberculose contribui significativamente para a mortalidade. A doença pode comprometer gravemente os pulmões, levando a dificuldades respiratórias graves, necessidade de oxigenoterapia, intubação e até mesmo cuidados intensivos em UTI. Todos esses fatores aumentam a gravidade e o risco associado à doença", relata o infectologista do HDT.
Pacientes com condições de saúde que comprometem o sistema imunológico, como HIV, AIDS ou diabetes, têm maior risco de desenvolver uma forma mais grave de tuberculose e são mais suscetíveis à infecção.
Uma das principais formas de proteção contra casos graves de tuberculose em crianças menores de cinco anos é a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin), administrada logo após o nascimento em dose única.
Números
Em 2023, o HDT teve 284 notificações de casos de tuberculose e, e no ano anterior, foram 178, um acréscimo de 59,5% apenas na unidade. E em 2024, foram registrados 68 casos até o momento. No Ceap-Sol, o registro de casos em 2022 foi de 38, enquanto em 2023 esse número aumentou para 95.
Os dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), demonstram que nos anos de 2020, 2021, 2022 e 2023 foram registrados, respectivamente, 936, 982, 1087 e 1212 novos casos de tuberculose no Estado. Em 2024, até fevereiro, foram notificados 90 casos novos e não foi realizado o registro de nenhuma morte pela doença.