O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) recebeu uma carta de apoio assinada por 32 personalidades cristãs, entre elas o escritor Frei Betto e o teólogo Leonardo Boff. Segundo a mensagem, elas se reúnem em um coletivo denominado Emaús e assessoram pastorais sociais de igrejas e movimentos populares.
O grupo diz ter acompanhado a trajetória de Glauber e afirma que o que o deputado defende “corresponde ao que buscamos todas e todos nós: um mundo mais humano, mais respeitoso, mais igualitário e mais justo”.
O texto também compara a situação do parlamentar, que está em greve de fome há uma semana, enquanto aguarda definição sobre a cassação de seu mandato, à de figuras como Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King e o próprio Jesus de Nazaré.
“O seu ato de enfrentar seus algozes, suas mentiras e hipocrisias, é valoroso. Sabemos que é preciso uma força extraordinária para nos manter de pé diante dos absurdos”, diz a manifestação do grupo cristão.
Ao desejar força a Glauber, os remetentes fizeram referência ao versículo 33 do capítulo 16 do Evangelho de João, na Bíblia: “Pedimos para você a energia do Cristo Ressuscitado que, na noite em que iria ser preso e condenado à morte, afirmou aos discípulos e discípulas: ‘Filhinhos, no mundo, vocês sempre enfrentarão aflições. Tenham coragem. Eu venci o mundo!'”.
A greve de fome, estratégia usada por políticos e ativistas para chamar atenção para uma causa, denunciar injustiças ou exigir mudanças, é um recurso antigo que já foi usado por Gandhi, Lula e outras figuras, inclusive deputados brasileiros.
O parlamentar psolista está sem se alimentar desde a última quarta-feira, 9, e tem dormido no chão do plenário 5, onde ocorreu a sessão do Conselho de Ética que foi favorável à retirada dele do cargo. O objetivo é reverter o caso no plenário da Câmara dos Deputados, que dará a palavra final no processo.
Desde então, ele recebeu visitas dos ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Comunicação Social), Cida Gonçalves (Mulheres), Paulo Teixeira (Agricultura), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos). Também o visitaram no Congresso o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), colegas da bancada do Psol e o ator Marco Nanini.
Segundo a equipe do deputado, a pedido médico, ele tem ingerido soro fisiológico, isotônico e água para não desidratar completamente. Na manhã da terça-feira, ele relatou ter começado a sentir dores na cabeça e na barriga, mas disse que não desistirá do jejum.
O processo contra Glauber Braga foi aberto em 2024 e se deve a um episódio em que Glauber expulsou da Câmara o influenciador Gabriel Costenaro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), aos chutes. Costenaro havia feito insinuações sobre a ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ), Saudade Braga, mãe de Glauber, que estava doente e faleceu 22 dias após o ocorrido.
De acordo com a representação que pede a cassação, apresentada pelo partido Novo, o comportamento de Braga “viola frontalmente os regramentos que ditam a postura dos representantes do povo”.
Durante toda a tramitação do processo, Glauber disse que o relatório, exercido por Paulo Magalhães (PSD-BA), foi “comprado” pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que exercia o cargo no ano passado, como forma de perseguição retaliação por denúncias sobre o orçamento secreto. Glauber chamou Lira em diferentes oportunidades de “bandido”.
Por: Estadão Conteúdo