A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em queda, apesar da resiliência da economia, o que chama atenção para os riscos que a inflação e as próprias políticas de gastos do seu governo representam para o futuro do seu mandato.
A aprovação de Lula caiu mais de 3,5 pontos percentuais para 47,1%, em novembro, em relação ao mês anterior, de acordo com a LatAm Pulse, pesquisa realizada pela AtlasIntel para a Bloomberg News e publicada nesta quarta-feira. Aproximadamente a mesma parcela de brasileiros, de 47,3%, disse que não aprovava o presidente, o que significa que sua aprovação líquida caiu 5 pontos em relação a outubro.
O Brasil, que tem a maior economia da América Latina, voltou a crescer além das expectativas no terceiro trimestre, em um contexto de forte demanda doméstica, desemprego em níveis recorde e aumento dos salários. Os brasileiros estão, no entanto, cada vez mais pessimistas: 47% deles acham que a economia está ruim contra 29% que dizem que está boa, uma diferença que aumentou em 8 pontos. E o percentual daqueles que acham que a economia vai piorar nos próximos seis meses atingiu 43% contra 34% que acham que vai melhorar, uma reversão acentuada em relação a outubro.
Os resultados da pesquisa sugerem que a aceleração da inflação, que subiu para 4,77% na base anual em meados de novembro, está atenuando o sentimento positivo: a porcentagem de brasileiros que pensam que comprarão menos nos próximos seis meses cresceu de 30% para 47,3%, enquanto a proporção que disse esperar comprar mais caiu 13 pontos.
As conclusões apontam para o grande desafio econômico que Lula enfrenta antes de uma possível batalha pela reeleição em 2026. O líder brasileiro aumentou os gastos do governo para proporcionar a prosperidade econômica que prometeu durante a campanha. Mas essa abordagem está alimentando o aumento dos preços ao consumidor, o que ameaça ofuscar o forte desempenho da economia e prejudicar a popularidade do presidente – tal como a inflação fez com os líderes de todo o mundo nas últimas eleições.
Na semana passada, Lula ordenou à sua equipe econômica que anunciasse a proposta de isenção do Imposto de Renda para pessoas com salários até R$ 5.000 junto com o pacote de austeridade fiscal – um esforço para atenuar o risco político de um plano que incluía cortes em programas sociais. Mas isso azedou o humor dos investidores em relação a uma proposta que era destinada a acalmar as preocupações do mercado sobre os déficits fiscais do Brasil, desencadeando um “selloff” de ativos que levou o dólar à máxima histórica, acima de R$ 6.
Fonte: Bloomberg
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