O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reconheceu, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (14), que houve uma diminuição no dinamismo das relações do Brasil com a Venezuela. Ainda assim, o chanceler destacou que o país não tem intenção de romper laços diplomáticos com o vizinho caribenho. “O Brasil reconhece Estados, e não governos”, disse Vieira sobre a tensão diplomática do Brasil com o governo do presidente Nicolás Maduro.
Defensor do diálogo, Vieira mencionou o Barão do Rio Branco, figura emblemática da diplomacia brasileira, ao enfatizar a importância de negociações para solucionar conflitos. “Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável redução do dinamismo do relacionamento bilateral, isso não significa, de forma alguma, que o Brasil deve romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela. Pelo contrário, diálogo e negociação e não isolamento, como bem ensinou o Barão do Rio Branco, são a chave para qualquer solução pacífica na Venezuela”, afirmou o ministro, de acordo com o jornal O Globo.
A crise entre Brasil e Venezuela se intensificou após a eleição de 28 de julho, que proclamou Nicolás Maduro como vencedor, apesar de não terem sido apresentadas provas claras que corroborassem sua vitória sobre o oposicionista Edmundo González.
Em resposta, o governo brasileiro, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu não reconhecer o resultado e ainda vetou a entrada da Venezuela no bloco econômico dos Brics, durante a cúpula realizada na Rússia. Maduro, que estava presente na reunião, deixou o evento sem apoio, criticando abertamente tanto o governo brasileiro quanto o assessor para assuntos internacionais Celso Amorim e o próprio Itamaraty.
Para Vieira, as relações com os vizinhos latino-americanos devem ser pautadas pelo respeito mútuo e pela diplomacia, características que ele enxerga como parte essencial da política externa brasileira. “As relações pacíficas e respeitosas com nossos 12 vizinhos são um patrimônio da política externa brasileira”, declarou o chanceler.
O ministro também relembrou o papel do Brasil como “garante” do Acordo de Barbados, firmado no fim do ano anterior, em que representantes de Maduro e da oposição venezuelana se comprometeram a realizar eleições livres e transparentes em 2024. No entanto, parte da comunidade internacional ainda não reconhece o resultado da última eleição.
Fonte: Brasil247
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